segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Por que sofremos?

Ilustração: Sergio Ricciuto Conte
Padre Reginaldo Manzotti é coordenador da Associação Evangelizar é Preciso e pároco reitor do Santuário Nossa Senhora de Guadalupe, em Curitiba (PR). Apresenta diariamente programas de rádio e TV.

Tenho percebido através das partilhas de vida, seja no rádio, na TV ou mesmo pessoalmente, que muitos não sabem lidar com o sofrimento e, por isso, hoje reflito sobre esse assunto.
O Senhor permite em sua sabedoria e pedagogia da Cruz a provação e a tribulação para nos tocar. Talvez pela atrição para o grande anseio de Deus, que cheguemos à contrição. Ele tem um propósito para todos nós e não permitiria algo ruim em nossas vidas somente para nos prejudicar.
Deus só permite aquilo que pode se transformar em algo bom. Ele não brinca conosco, Ele cuida de nós como algo muito valioso. Nós somos muitos preciosos para Ele. Tudo que falamos de Deus é pouco no que se refere ao que verdadeiramente Ele é. Se nós conseguimos imaginar que Deus é capaz de nos ferir para nos curar é porque ele nos reserva algo de bom, como nos diz Oséias: “Ele nos feriu e há de tratar-nos, Ele nos machucou e há de curar-nos” (Os 6, 1).
Às vezes, Deus pode nos ferir para nos purificar. Não por crueldade ou não nos amar, mas porque nos criou à sua imagem e semelhança. Porque nós somos preciosos para Ele. Ele sabe o quanto vivemos presos em vícios, em coisas fúteis e situações que dão alegrias muito passageiras, mas Ele quer o melhor de nós.
Deus permite passarmos por uma noite escura da fé, como viveu Madre Tereza de Calcutá, para crescermos espiritualmente. O próprio Jesus, na Sexta-feira Santa, se sentiu abandonado pelo Pai a ponto de dizer: “Eloi Eloi lama sabactani?” – Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste? Mas ele não desistiu. Ferido, Ele provou o silêncio profundo de Deus, mas não recuou.
Nossa Senhora também estava ferida, aos pés da cruz de Jesus, porque não deve ter sido fácil contemplar o Filho, inocente, morrendo daquela forma. Mas ela foi capaz de sepultá-lo, se encontrar e rezar com aqueles que o abandonaram. Ela o fez na esperança da madrugada da Ressurreição.
Muitas vezes, somos insensíveis aos apelos de Deus. Formamos um escudo em nós mesmos e a flecha divina tem dificuldade de penetrar, pois quanto mais sedimentados aos apegos das paixões, ao mundanismo, à satisfação pela satisfação, menos sensibilidade temos para Deus. E por isso sofremos!
Deus não tenta ninguém, mas Ele permite que sejamos tentados. Ele é forte e poderoso, mas o inimigo existe e quer semear em nosso coração a dúvida e a confusão. Nossa alma tem fome de Deus e precisa ser alimentada através do Sacramento da Eucaristia, ela é o alimento eterno.
Temos necessidade de comungar. Ao receber Jesus, Ele que nos envolve com seu amor. Devemos dar mais valor a Eucaristia, é preciso, após cada comunhão, adorar Cristo Vivo dentro de nós, isso irá nos curar.
Quem dera deixássemos nos encontrar com Deus. A cada momento Ele tenta nos encontrar. Caso deixemos de experimentar o amor de Deus e se em algum momento da vida nos cansarmos e nos dermos conta de nossa imperfeição, nos coloquemos diante Dele e  recomecemos. Ele estenderá as mãos para que cheguemos mais perto de Seu amor, pois a Sua misericórdia é infinita.
Deus abençoe!
Jornal "O São Paulo", edição 3073, de 14 a 20 de outubro de 2015.

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