segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Cinco observações sobre o artigo “Francisco é João Paulo 2º com sinais trocados”

Francisco Borba Ribeiro Neto, coordenador do Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP.

Neste dia 25 de dezembro, a Folha de São Paulo publicou uma entrevista que dei ao jornalista Reinaldo José Lopes (ver aqui). O trabalho que ele fez, transcrevendo nossa conversa, foi muito bom, mas uma entrevista em jornal sempre é sintética e pressupõe uma série de informações que nem sempre são conhecidas do leitor. Assim, recebi vários comentários e perguntas, que me levaram a escrever algumas observações complementares sobre o texto. Como o texto ficou muito longo, resolvi publicá-lo diretamente nesse blog.
1)      Em primeiro lugar, os “sinais trocados” que o jornalista colocou no título não significam que um é bom e outro é mal, como alguns parecem ter pensado. Apenas indicam que, por seus contextos de origem (Polônia e Argentina) e pelos desafios eclesiais que precisam enfrentar, são dois grandes papas que vivem realidades opostas.
2)      A concepção mais justa das polêmicas entre progressistas e conservadores na Igreja Católica é aquela que diz “todo cristão tem o dever de ser conservador com relação àqueles valores que tronam a vida mais humana e progressista com relação àquelas transformações que fazem a sociedade mais justa”. Contudo, o mundo acostumou-se com essa classificação que divide a Igreja (em grande parte por culpa de nós mesmos, os católicos). Tentar negar ou ocultar essa divisão não ajuda a ninguém. O problema é todos n´´os entendermos que ela não pode ser um obstáculo à comunhão ou à conversão. Por isso insisti em dizer que o problema são os “recalcitrantes”, isso é, aqueles que insistem teimosamente em não aceitar que o Espírito pode se manifestar também entre aqueles que pensam diversamente. Pessoas assim dificultaram uma correta compreensão e uma justa conversão eclesial à mensagem de São João Paulo II e agora um outro grupo, com posicionamentos opostos, mas com a mesma teimosia, farão o mesmo em relação ao Papa Francisco.
3)      Na concepção do parágrafo anterior, deve-se entender a afirmação que o Papa Francisco é um “conservador que acolhe os progressistas”. Seus valores são os da tradição (nesse sentido é um conservador), mas está sintonizado com as mudanças da sociedade naquilo que têm de justo (acolhe, nesse sentido, as tendências progressistas). Essa posição de Francisco fica explicita, por exemplo, num artigo publicado no site do Instituto Humanistas da Unisinos (ver aqui) ou numa análise do que seria o seu pontificado tendo por pano de fundo a ação de Bergoglio na Argentina (ver aqui). Pensar que um papa “pensa como eu” ou “pensa errado porque não pensa como eu”, sem parar para entender sua mensagem é sempre ruim. Francisco precisa ser estudado e as sutilezas e variações de seu pensamento devem ser entendidas tanto por uma questão de honestidade intelectual quanto de conversão espiritual (e o mesmo vale para São João Paulo II ou Bento XVI).
4)      Quem estudar os pensadores que embasaram a posição de Bergoglio e os pensadores da Teologia da Libertação do final do século XX verá que existem diferenças significativas. Por isso, alguns chamavam aquela corrente teológica característica do Cone Sul de “Teologia do Povo”. As duas correntes têm muito em comum, mas não são equivalentes. Provavelmente irão se aproximar cada vez mais com o aumento da influência de Francisco, com a crise do pensamento marxista (, que teve sem dúvida influência na TL ) e o próprio desenvolvimento das escolas teológicas do continente. AS duas correntes concordam na questão da importância do pobre, como paradigma da postura do cristão e como alvo prioritário da ação social da Igreja, mas a Teologia do Povo vê esse pobre numa perspectiva mais cultural que socioeconômica. O artigo melhor para entender a Teologia do Povo é o do jesuíta Juan Carlos Scannone, professor de Bergoglio (ver aqui em italiano). Um exemplo da importância da cultura no pensamento do Papa Francisco está no capítulo III da Laudato si’: após denunciar o uso do poder econômico e da ciência contra a humanidade e a natureza, o Papa faz uma análise tipicamente cultural sobre o problema do poder, baseado em Romano Guardini (discuti essa questão num artigo para a REB disponível aqui).
5)      Alguns estranharam também a valorização de São João Paulo II, que segundo eles não pode ser colocado em paralelo com o Papa Francisco. O problema não é de preferências, mas de reconhecimento da importância de cada um no processo histórico. Sem dúvida não é possível pensar a Igreja sem a “reforma” feita por São João Paulo II, provavelmente o mesmo acontecerá com o Papa Francisco. Mas aqui duas observações são fundamentais. Em primeiro lugar, o resgate do pensamento de João Paulo II é feito pelo próprio Papa Francisco. Os capítulos IV (O amor no matrimônio) e V (O amor que se torna fecundo) da Amoris laetitia se utilizam largamente das catequeses de João Paulo II, retomando e valorizando as bases de sua teoria moral. E aqui entra o segundo problema: o ensinamento moral de Sâo João Paulo II é quase desconhecido entre nós. No Brasil, citamos suas conclusões e ou suas indicações normativas, sem estudar seu amplo e complexo embasamento antropológico. Perde-se assim a chance de saber que a grande contribuição de João Paulo II à teologia moral foi seu esforço para mostrar a pertinência dos ensinamentos da Igreja em relação à experiência humana (uma postura que não tinha, portanto, nada de dogmática ou impositiva). Quem quiser saber mais, leia seu livro Teologia do corpo (Campinas: Ecclesiae, 2014).

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

É Natal se acontece em você

Ilustração: Sergio Ricciuto Conte
Ana Lydia Sawaya é professora da UNIFESP, fez doutorado em Nutrição na Universidade de Cambridge. Foi pesquisadora visitante do MIT e é conselheira do Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP.

Toda festa litúrgica é um “memorial”, um evento a ser vivido e não apenas celebrado. Na tradição da Igreja, viver a memória do Natal significa muito mais do que se lembrar de um evento que aconteceu no passado e que nós recordamos porque é importante não esquecer. Quer dizer reviver um “evento divino” em nosso presente. Um acontecimento feito por Deus que entra na história da humanidade e, portanto, é um fato divino e eterno, que não se restringe a um tempo (dois mil anos atrás) ou um lugar (Belém). Um prefácio da liturgia de natal diz: “por ele, realiza-se hoje o maravilhoso encontro que nos dá a vida nova em plenitude. No momento em que vosso filho assume nossa fraqueza, a natureza humana recebe uma incomparável dignidade – ao tornar-se ele um de nós, nós nos tornamos eternos”. Ou como diz São Leão Magno: “despojemo-nos, portanto, do velho homem com seus atos; e tendo sido admitidos a participar do nascimento de Cristo, renunciemos às obras da carne”. Nos lembra ainda uma antífona da oitava de natal: “admirável intercambio! O criador da humanidade, assumindo corpo e alma, quis nascer de uma virgem. Feito homem, nos doou sua divindade”!
Assim, nós todos, cada um de nós, é chamado a nascer de novo neste tempo. E numa espiral ascendente aprofundar a consciência da nossa dignidade divina. Precisamos voltar a ser crianças com o menino Jesus.  O Natal, não é de fato, antes de tudo a festa das crianças? Quem é tão velho que não pode voltar a ser criança? Jesus diz, olha, convém-lhe voltar a ser criança, pois é assim que você entrará no céu.
A sociedade de consumo se aproveitou disso e foi aos poucos transformando o natal em uma festa de presentes a serem comprados, primeiro para as crianças e depois para todos os adultos. O consumismo e a obrigatoriedade de comprar presentes tornou a festa de natal, uma festa para poucos escolhidos... Mas convém-nos não ser passivos diante dessa cultura que definiu o ser humano como aquele que “é objeto de consumo”; pois ela nos reduz tremendamente e nos faz perder a consciência da nossa dignidade. O que podemos fazer então para viver o natal de modo cristão? Que tal fazermos os presentes para os outros em vez de comprar? Uma torta, brigadeiros ou bolo? Um crochê, tricô ou pintura? Um vaso? E para quem não tem tempo: gravar umas músicas, pegar uma bela apresentação na internet e presentear? Quando era pequena nós construíamos a arvore de natal com galhos e pintávamos as bolas que fazíamos com pedaços de jornal e cola. Por que também não perguntar no trabalho ou no prédio se tem alguém que vai passar o natal sozinho, sem família, ou que o marido ou a esposa o deixaram, ou quem perdeu alguém este ano e fazer uma festa alargada e comunitária? Para muitas pessoas o natal é o período mais triste do ano, e quando o número de suicídios mais aumenta.
Uma linda mensagem de Natal, que teve ampla divulgação nas redes sociais, nos lembra que essa festa deve acontecer em nós: “Natal é você quando se dispõe, todos os dias, a renascer e deixar que Deus penetre em sua alma. O pinheiro de Natal é você, quando com sua força, resiste aos ventos e dificuldades da vida. (...) Você é o sino de Natal, quando chama, congrega, reúne. A luz de Natal é você quando com uma vida de bondade, paciência, alegria, generosidade consegue ser luz a iluminar o caminho dos outros. Você é o anjo de Natal quando consegue entoar e cantar sua mensagem de paz, justiça e de amor. (...) O presente de Natal é você, quando consegue comportar-se como verdadeiro amigo e irmão de qualquer ser humano. (...) Você será os votos de Feliz Natal quando perdoar, restabelecendo de novo, a paz, mesmo a custo de seu próprio sacrifício. (...) Você é a noite de Natal quando consciente, humilde, longe dos ruídos e de grandes celebrações, em silêncio recebe o Salvador do mundo”.
Jornal "O São Paulo", edição 3132, 20 de dezembro de 2016 a 10 de janeiro de 2017.

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Pátio da Cruz - A judicialização da Política

Esse ano que está findando foi marcado pelos embates entre lideranças políticas nacionais e a justiça brasileira. Qual o significado dessa "judicialização da política"? Para debater esse tema, o Pátio da Cruz trouxe o jornalistas Marcelo Godoy, do jornal O Estado de São Paulo, e o Prof. Cláudio Langroiva Pereira, da Faculdade de Direito da PUC-SP. Ambos discutem a questão do ponto de vista das relações entre mídia, justiça e política no contexto atual e da capacidade da legislação brasileira em prever e punir os crimes políticos que vieram a tona nesse ano.

Neste Advento, leia também: Dezembro, entre Deus e o diabo

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Pátio da Cruz - O amor cristão e a solidariedade


O Natal é a festa da solidariedade de Deus que chega ao ser humano, num gesto de amor e ternura. Neste Advento, o programa Pátio da Cruz retoma o testemunho de vida e a visão sobre a sociedade do Prof. Antonio Carlos Malheiros, pró-reitor de Cultura e Relações Comunitárias da PUC-SP.

Neste Advento, leia também: Dezembro, entre Deus e o diabo

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Pátio da Cruz - Deus e a ciência


Qual é a postura certa na relação entre a ciência e a fé? Como as novas descobertas da ciência afetam a fé religiosa no mundo de hoje? Qual o impacto do sofrimento e da dor na experiência humana do cientista e na sua possibilidade de encontrar a Deus? Como a teoria da evolução dialoga com a doutrina católica? Afinal, como, um cientista pode acreditar em Deus nos tempos atuais? Para discutir essas questões, Padre Vandro Pisaneschi, coordenador do Vicariato Episcopal para a Educação e a Universidade, entrevista o Prof. Eduardo Cruz, da PUC-SP, especialista em Teologia da Ciência, e o Prof. Francisco Borba, coordenador do Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Dezembro, entre Deus e o diabo

Ilustração: Sergio Ricciuto Conte

Francisco Borba Ribeiro Neto, 
coordenador do Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP.

Nenhum outro mês é como dezembro. A iminência das festas de final de ano, a chegada das férias escolares, as comemorações “da firma”, os balanços anuais e os planos para um novo ano... Num frenesi de emoções contrastantes, corremos tanto para preparar nossos momentos felizes que nos arriscamos a esquecer de porque estes momentos deveriam ser felizes. Nos afanamos tanto em preparar nossas festas que não saboreamos sua razão de ser.
Esse é o mês de pinheiros alienígenas e vitrines com enfeites e neves de algodão, de Papais Noel se derretendo sob um calor abrasador – símbolos extravagantes, mas carregados de uma ternura infantil, de nosso anseio pelo totalmente Outro, desse anseio que o mundo aprendeu a comercializar, mas não entende nem consegue realmente satisfazer.
A Igreja, em sua sabedoria milenar, dedicou esse mês à interiorização do Advento, para a redescoberta das razões pelas quais fazemos as coisas, preparação para encontrar Deus como um singelo e desprotegido bebê. Esse deveria ser o tempo do retorno ao lar, quando os distantes voltam para suas famílias, os solitários redescobrem o amor, os pobres e os que sofrem são acolhidos com justiça e ternura, os filhos reencontram o Pai.
Mas um habilidoso demônio preencheu dezembro com atividades estafantes e tediosas. Usando amores falsos, vendidos e até cínicos, conspurcou a memória do Amor e dos amores verdadeiros. Desvirtuou as festas, que deixam de celebrar a alegria e se tornam uma duvidosa catarse do vazio e da falta de sentido.
A questão não é só de uma festa mal comemorada. As festas celebram a vida. Uma festa mal comemorada representa uma vida mal vivida. Assim, uma cruel desumanidade, como sombra sútil, nos acompanha nesse tempo de maravilhas, transformando a Beleza em fantasia inconsequente.
Nós, cristãos, nos acostumamos a criticar a mercantilização do Natal em nossa sociedade. É justo, mas com esse foco não percebemos que tudo que fazemos revela um pouco de nossos anseios mais profundos. O desejo de um amor sem limites; da paz que apaziguará não só as nações beligerantes, mas também os corações amargurados; da ternura que não só sanará nossas feridas, mas também trará a justiça para os excluídos e os pobres da terra – tudo isso está presente, ainda que desfigurado, nesse mês de dezembro.
O resgate desse tempo passa menos pela censura de seus desvios que pela percepção de toda a profundidade e riqueza humana que se esconde em seus símbolos, mesmo que oscilem da mais sublime espiritualidade ao mais reles mercantilismo.
Papai Noel não é só a degradação consumista do espírito natalino. Ele é a confirmação de que nossa cultura, por mais mercantilista e interesseira que seja, não consegue apagar em nosso coração o desejo de uma gratuidade e de uma bondade sem limites. A mentalidade do mundo diz que todos queremos ser sobrinhos (e herdeiros) do Tio Patinhas. Mas, no fundo, sabemos que só seremos felizes sendo filhos de um Papai Noel que sempre nos dê a alegria e a liberdade dos que vivem para amar.
A força do cristianismo não está em condenar o mundo, mas em mostrar sua verdade. Cristo não é aquele que condenou Mateus, Zaqueu, a samaritana, Madalena ou mesmo Pedro, mas sim aquele que lhes mostrou a existência de um Amor ansioso por responder ao drama humano.
O Advento e o Natal são o tempo de descobrir e testemunhar a verdade que se esconde por traz de nosso desejo de alegria, de paz e de festa. O mal não está em acreditar em Papai Noel, mas em pensar nele como a fantasia de uma noite de ilusão, e não como símbolo de uma realidade que nos acompanha todos os dias do ano.
Jornal "O São Paulo", edição 3131, 8 a 13 de dezembro de 2016.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

A drástica queda da pobreza no mundo nos últimos 20 anos

Ilustração: Sergio Ricciuto Conte
Ana Lydia Sawaya é professora da UNIFESP, fez doutorado em Nutrição na Universidade de Cambridge. Foi pesquisadora visitante do MIT e é conselheira do Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP.

É característica de quem tem fé lembrar-se sempre, ou ter sempre diante dos olhos, que o mundo não é um caos abandonado ao vento dos impulsos dos homens maus, pois Deus veio nos ajudar de forma definitiva; e o Espírito Santo age interminavelmente na história. Assim podemos afirmar com o apóstolo Paulo “onde abundou o pecado, superabundou a graça”. Goethe no Fausto diz que o diabo é aquele ser que quer sempre fazer o mal, mas acaba sempre fazendo o bem.
Ninguém, que tenha o olhar um pouco atento, pode negar que o mal tenha abundado no mundo nos últimos tempos; mas se fixarmos ainda o olhar com atenção para escrutinar toda a realidade na sua integralidade, descobriremos fatos surpreendentes. Um exemplo disso são os dados sobre pobreza tornados públicos na recente Assembleia Geral das Nações Unidas. Diz o relatório que estamos num momento histórico de inflexão, pois:
1.       O número de pessoas vivendo na pobreza extrema (US$ 1,90 por pessoa por dia) caiu pela metade em duas décadas, e o número de crianças pequenas morrendo teve queda semelhante – são seis milhões de vidas salvas todo ano pelas vacinas, incentivo ao aleitamento materno, remédios para pneumonia e tratamentos contra a diarreia! Assim argumenta que é preciso anunciar ao mundo que o processo mais importante que aconteceu no início do século 21 foi a impressionante redução do sofrimento humano. Em 1981, 44% da população mundial vivia na extrema pobreza (segundo dados do Banco Mundial), e calcula-se que este número se tenha reduzido para menos de 10% e continua em queda!
2.       Ele cita ainda outros fatos de deixar qualquer um de queixo caído de surpresa. Durante toda a história da humanidade até a década de 1960, a maioria dos adultos era analfabeta, sendo que atualmente 85% dos adultos presentes no mundo já foram alfabetizados e a proporção está aumentando.
3.       Além disso, a desigualdade no mundo está em queda por causa dos ganhos conquistados pelos pobres em países como a China e a Índia que contam com cerca de um terço da população mundial. Por isso, a ONU tem como objetivo factível erradicar a pobreza extrema até 2030.
4.       Por fim, é necessário considerar que esta transformação da condição humana ocorreu num período de 20 anos, ao passo que a pobreza e as péssimas condições de vida assolaram a maior parte da humanidade por milhares de anos.
Esses são fatos que as pessoas normais não sabem, porque ninguém ou quase os noticia. A tradição cristã nos ensina ao contrário, educar-se a olhar sempre para o fator positivo da realidade, para os dentes brancos da carniça de um cão morto como dizia um livro apócrifo, para não cair na armadilha de sermos instintivamente arrastados pelo mal com a ilusão de que estamos abandonados.
Não se trata absolutamente de uma visão otimista da realidade, mas de uma observação atenta e realista, que não pode deixar de constatar desde tempos imemoriais quando os homens começaram a filosofar que a maioria dos seres humanos age sobre a terra em busca do bem da beleza e da verdade, e com a ajuda de Deus, sempre encontrarão caminhos para alcançar essas realidades. E que o mal existe, mas não é o fator predominante. Enquanto há guerras, terrorismo, assassinatos, corrupção sistêmica, há também milhões de pessoas trabalhando e atuando para diminuir a pobreza no mundo que estão sendo bem-sucedidas!
Jornal "O São Paulo", edição 3130, 30 de novembro a 7 de dezembro de 2016.